Histórico

A fundação, em 1959, do Centro de Estudos Afro-Orientais (CEAO) contribuiu estrategicamente para fomentar, na UFBA e em outras universidades, a organização de agrupamentos, linhagens e traçados que configuram a área, bem como práticas de cruzamento disciplinar e políticas de internacionalização que incorporassem referênciais e instituições fora dos roteiros canonizados. No âmbito da Universidade Federal da Bahia inaugurou-se a tradição de oferta de cursos nos programas de graduação e pós-graduação (com destaque para História, Sociologia, Antropologia, Letras, Música) cujos conteúdos estivessem direcionados para os estudos afro-brasileiros e africanos, gerando uma considerável produção especializada que, no entanto, não atendia a demandas que extrapolavam o caráter disciplinar desses ambientes.
 
No bojo da promulgação das leis 10.639/2003 e 11.645/2008, que visavam institucionalizar a diversidade como fundamento pedagógico nacional, incrementaram-se interesses por explorar fontes e formas diferenciais de compreensão dos sujeitos, patrimônios e sistemas culturais demarcados por noções de africanidade, negritude, indigenismo, mestiçagem, entre outros. Num movimento correlato, ampliou-se a disseminação de aparatos críticos que contestam a hierarquização racial dos povos e a submissão das diferenças ao universalismo propugnado por modelos civilizacionais de matriz ocidental. 
 
O Programa Multidisciplinar de Pós-Graduação em Estudos Étnicos e Africanos (mais conhecido como POSAFRO)foi criado em 2005para acolher cientificamente qualificada ao aprofundamento de tais sinergias. Iniciativa pioneira de construção de espaços e conexões de crucial importância para a expansão dos novos paradigmas de ensino-aprendizagem em emergência.
 
No transcurso desses treze anos, as equipes acadêmicas congregadas no POSAFRO vêm amadurecendo experiências na mobilização de recursos interdisciplinares para operar releituras dos patrimônios das ciências humanas à luz da questão étnico-racial, possibilitando assim multiplicar angulações para os sentidos histórico-culturais da África e de seus povos, das identidades e alteridades afro-hifenizadas, designadamente em seus traçados nativos, brasileiros e latinos. A abertura para abordagens comparativistas, para o pluralismo teórico e o descentramento críticotambém tem ensejado a incorporação crescente de recortes de pesquisa enfocando temáticas relativas a diferentes comunidades culturais, particularmente as indígenas. 

A sua importância 

O POSAFRO tem-se constituído, desde a sua criação, num espaço privilegiado de debate acadêmico, de ensino e de extensão sobre os Estudos Africanos, em termos de novas temáticas, abordagens teóricas e propostas metodológicas, colocando-se entre os mais destacados programas de pós-graduação a nível nacional pela sua proposta inovadora.
 
Vale a pena salientar que a importante parcela de nossos egressos de doutorado que é ativa na Bahia como docente de várias IES públicas (UFRB, UNILAB, UEFS, UNEB e vários IFE)atua não apenas na capital, mas, sobretudo nos campus do interior, onde frequentemente nossos egressos criam polos e núcleos de estudos das questões étnicas e africanas-- atuando de fato como multiplicadores. Acompanhando nossos egressos, por um conjunto de mecanismos e dispositivos que estamos aprimorando, chegamos à conclusão de que está atingida a meta inicial do POSAFRO no que concerne a difusão e consolidação dos estudos étnicos e africanos não somente nos grandes centros, mas também nos centros menores, onde mais necessário ainda é o esforço para internacionalizar o meio acadêmico. 
 
Vale,ademais, salientar que para o POSAFRO têm se direcionado professores de universidades estaduais baianas, a exemplo da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB) cuja sede está localizada na cidade de Vitória da Conquista, terceira mais populosa da Bahia, situada a 510 km da cidade de Salvador, no sudoeste do Estado, para realização de programas de pós-graduação. A exemplo, pode ser citado o Programa de Pesquisas sobre Povos Indígenas do Nordeste Brasileiro(PINEB), que tem sido um dos Grupos de Pesquisa acolhedores desses professores, assim como estará acolhendo, neste ano de 2018, um pós-graduando do Programa de Pós-Graduação em Antropologia da UFRN para realização de programa de doutorado-sanduíche.
 

 

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